Ethanol summit 2011 Dias 6 e 7 junho

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“Investimento do setor privado é o caminho para impulsionar políticas públicas”

As grandes empresas, em especial as que atuam nos segmentos de petróleo e comércio exterior, apostam em um futuro no qual o setor de biocombustíveis vai muito além de uma fonte de lucros.

Uma percepção, aliás, que será estratégica para o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a produção global, como forma de garantir a segurança energética e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.  A avaliação é do jornalista Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, que participou na tarde de terça-feira (07/06) do painel “Políticas públicas para o desenvolvimento global dos biocombustíveis: desafios e oportunidades”, durante o  Ethanol Summit 2011.

Os governos terão que ser criativos porque teremos muitos mais e sofisticados tipos de biocombustíveis, novas tecnologias. Teremos que explorar nossa capacidade de produzir e incentivar essas inovações. Estamos tratando de uma decisão crucial: como iremos utilizar esta capacidade?,” questionou Sotero. “A melhor alternativa hoje é investir em açúcar. Mas será esta a alternativa daqui a 50 anos?,”acrescentou o diretor durante o painel, que teve a coordenação de
Nayana Rizzo, assessora de Relações Institucionais da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).

Para os participantes do encontro, o incentivo ao desenvolvimento de políticas aos biocombustíveis também dependerá da confiança na estabilidade do setor. “Será preciso criar condições de produção, distribuição e comercialização, e para isso necessário compreender como funcionará a estrutura,” afirmou o gerente global da PointCarbon, Nelson Sam, cuja empresa é reconhecida mundialmente em inteligência de mercado e análise nas áreas de energia e meio ambiente.

Solucionar desequilíbrios

“Não se trata apenas de negociar ou não subsídios,” afirmou o especialista em energia Sérgio Trindade, presidente da SE2T International. “Mas se não houver demanda, o papel da política pública é solucionar este desequilíbrio, além de outras medidas de apoio ao setor,” acrescentou.

Para Nelson Sam, “hoje a capacidade de produção é maior do que a demanda. Precisamos de alternativas para criar demanda, produzindo commodities atraentes ao mercado e também aos países, criando empregos e novas tecnologias. Para isso, precisamos de incentivos e mecanismos de mercado”.

Chet Culver, ex-governador de Iowa (EUA), falou sobre o trabalho desenvolvido no seu estado. “Coordenamos políticas no Congresso para o setor, criamos uma agenda única de biocombustíveis para aumentar nossa produção e diminuir a dependência do petróleo. Também aumentamos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Aplicamos US$ 60 milhões em 40 projetos que nos geraram US$ 500 milhões em retorno,” afirmou.

Veja outras ideias discutidas pelos participantes do painel:

Sérgio Trindade, da SE2T International: “Há uma enorme demanda. Porém, os altos riscos podem inviabilizar investimentos em biocombustíveis. Ninguém gosta de investir em um ambiente instável. Não queremos intenções políticas, mas sim políticas implementadas. E que elas possam absorver novas idéias e outros sistemas de fornecimento de energia que ainda estão por vir.”

Chet Culver, ex-governador do Iowa: “É possível cultivar cana-de-açúcar em 10 países diferentes e que ainda não possuem alternativa energética. É uma forma de ajudá-los a se tornarem independentes, de contribuir com o desenvolvimento econômico. Só precisamos estabelecer as diretrizes para isso.”

Nelson Sam, diretor gerente global da Point Carbon: “As políticas públicas são necessárias para se criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de novas tecnologias, além de fornecer incentivos necessários. E isto sem que ninguém seja prejudicado ou empurrado para este novo modelo. No futuro, o ideal seria um acordo entre produtores e consumidores.”

Shi-Zong Li, diretor exeuctivo do Centro Sino-Americano para Pesquisas em Biocombustíveis na China: “Temos plenas condições de chegar a 2015 produzindo e comercializando etanol à base de celulose. Em 2020 é possível que  tenhamos outros tipos de combustível, como aqueles obtidos a partir da fotossíntese ou dióxido de carbono.”

Paulo Sotero, diretor do Woodrow Wilson Center: “Qual é a motivação para se debater as políticas públicas neste momento, a emergência da questão sobre segurança energética? O Brasil tem hoje mais elasticidade para lidar com isso. Porém, o desafio não é produzir etanol a partir da cana ou celulose, e sim como a sociedade vai utilizar essas novas modalidades. Vamos realmente aproveitar esta oportunidade? Conseguiremos mesmo concretizar isso?”

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