Ethanol summit 2011 Dias 6 e 7 junho

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Summit na Mídia

05/07/2011
Gás Brasil

Os contrastes das estratégias das grandes empresas de petróleo e o futuro da bioeconomia

Artigo de José Vitor Bomtempo sobre o tema.

O recente Ethanol Summit organizado pela UNICA, em São Paulo, nos dias 6 e 7 de junho, nos pareceu um evento interessante para a linha de raciocínio que temos desenvolvido nesta série de artigos.

De certa forma, o Ethanol Summit colocou com clareza - pela primeira vez, me parece, num evento desse peso no Brasil - a questão da indústria do futuro. Claro que muitos assuntos de interesse específico da indústria brasileira de etanol foram destacados e preencheram boa parte da pauta, mas algumas plenárias e as mesas sobre Futuro e Tecnologia se dedicaram a questões não tão imediatas.

Aproveitando a deixa do Ethanol Summit, propomos uma mudança neste blog que nos parece coerente com o que temos desenvolvido: não falaremos mais de biocombustíveis do futuro mas da nova indústria que inclui além de biocombustíveis, bioenergia, bioprodutos, biorrefino e outros bios que surjam. Que nome dar a essa indústria? Ficamos, como sugestão inicial, com bioeconomia, que nos parece bastante abrangente.

Assim, podemos dizer que o Ethanol Summit nos proporcionou a discussão de uma série de questões ligadas ao desenvolvimento da bioeconomia no mundo e no Brasil em particular. Aliás, todos os vídeos das plenárias e conferências podem ser assistidos aqui.

Vamos destacar nesta postagem a plenária que teve por titulo O futuro do petróleo e o papel dos biocombustíveis. A plenária reuniu executivos das quatro empresas de petróleo mais importantes em biocombustíveis: BP, Petrobras, Shell e Total. As apresentações dos executivos foram comentadas por Vinod Khosla, grande nome do venture capital com grandes e importantes investimentos em projetos inovadores tais como Amyris, LS9, KiOR, Gevo, Coskata, Mascoma, LanzaTec e Range. Nas postagens anteriores discutimos as estratégias de três dessas empresas: BP, Petrobras e Shell e pouco ou nada falamos da Total.

É justamente a presença da Total nesse grupo que completa e dá um sentido interessante às visões estratégicas das grandes empresas de petróleo em biocombustiveis. Shell e BP, conforme discutido no artigo V da série, tendem a buscar uma conciliação entre a primeira geração - leia-se etanol - e a busca de tecnologias e produtos inovadores avançados. Ambas começaram a atuar no Brasil, com destaque para a Shell que por meio da joint venture Raízen, com a Cosan, tornou-se não só grande produtora de etanol de primeira geração como trouxe para o Brasil a possibilidade de desenvolver produtos inovadores por meio da Iogen (etanol celulósico), Codexis e Virent (hidrocarbonetos avançados e químicos).

Ao lado da Shell e BP, conforme discutido na postagem VI, a Petrobras adota uma postura mais conservadora, muito mais centrada na busca de uma posição competitiva na indústria de hoje do que na busca de inovações que possam construir a indústria do futuro. Assim como Shell e BP, Petrobras também tem investido na produção de etanol. Entretanto, os investimentos em novas tecnologias e produtos avançados parecem mais modestos; as alianças e associações com empresas de base tecnológica são menos numerosas e realizadas com empresas de menor destaque. Outra diferença marcante é o interesse da Petrobras pela produção de biodiesel de primeira geração (transesterificação) que não faz parte do portfólio da Shell e da BP.

A Total - em contraste com a posição das três outras - coloca-se de forma explícita (até agora) no lado da indústria do futuro. Note-se que a inserção da Total na arena dos biocombustíveis é mais recente do que as das concorrentes. Possivelmente, o total de investimentos é menor do que o das demais. Mas o foco é muito interessante pela premissa de apostar nas alternativas mais inovadoras. Nos últimos três anos, a Total identificou uma série de empresas de base tecnológica e investiu nessas empresas. Contam hoje com a participação da Total as seguintes empresas: Amyris, Gevo, Coskata e Futerro. Os estágios de desenvolvimento estão entre piloto e demonstração.

Amyris é a mais conhecida delas, tanto pela agressividade da sua proposta (hidrocarbonetos na faixa do diesel e outros produtos a partir da fermentação de açúcar por leveduras engenheiradas) quanto pela presença no Brasil. Total tomou uma participação de 17% do capital, realizada depois do IPO da Amyris, no valor de US$ 133 milhões. Total é o único investidor de perfil industrial que participa da Amyris.

Gevo é uma empresa que pretende produzir biobutanol para uso como combustivel e como plataforma para a produção de derivados químicos. Uma unidade de demonstração já se encontra em funcionamento e a empresa adquiriu em 2010 uma unidade de produção de etanol, em Luverne, Minnesota, EUA, que está sendo reconvertida para a produção de butanol. A produção comercial é esperada para 2012. Gevo também realizou o IPO recentemente, tendo captado na ocasião US$ 107 milhões. Tanto quanto o projeto Amyris, o projeto Gevo costuma ser citado na imprensa especializada como um dos destaques entre os projetos inovadores.

Coskata é uma empresa que pretende produzir etanol a partir de materiais lignocelulósicos e de outras matérias primas de baixo valor. O processo combina uma etapa termoquímica (gaseificação da biomassa para obtenção de gás de síntese) e uma etapa fermentativa (conversão do gás de síntese em etanol). A empresa possui uma planta de demonstração em operação.

Por fim, Futerro é uma joint venture entre a Total e uma empresa belga de biotecnologia - Galactic - para a produção de PLA (ácido poliláctico), um polímero biodegradável de propriedades interessantes com potencial de aplicações em diversos mercados finais, mas necessitando ainda de desenvolvimentos de processo (para redução de custos) e de aplicações junto aos mercados utilizadores. Futerro inaugurou uma pequena unidade industrial em 2010 e encontra-se em fase inicial de produção e desenvolvimento de mercado. O principal concorrente no PLA é a Natureworks (Cargill) que tem uma unidade comercial em operação há alguns anos (*).

Em síntese, os principais projetos da Total têm em comum o fato de serem apostas tecnológicas inovadoras, implicando naturalmente um risco expressivo, mas expressando também uma visão estratégica de participação ativa na construção da bioeconomia do século XXI. Apesar das provocações de Vinod Khosla, sublinhando no debate o conservadorismo e a aversão ao risco das empresas de petróleo em biocombustiveis, a conclusão vai na direção de um papel importante dessas empresas na construção da indústria do futuro.

Os ativos complementares de produção em escala, distribuição e comercialização serão certamente estratégicos para que os projetos inovadores deslanchem e se difundam pelo mercado. Mas, como destacado pela Shell, ainda persistem muitas alternativas sem a percepção de que rotas ou tecnologias serão as vencedoras. Algumas questões ficam no ar: a incerteza quanto as tecnologias vencedoras justifica a dispersão de estratégias entre as quatro grandes? Teremos uma convergência de estratégias nos próximos anos? Irá a Petrobras entrar de forma mais forte no campeonato mundial dos combustíveis avançados que está sendo jogado no Brasil com jogadores como Shell/Cosan/Codexis/Virent, Amyris/Total? Aguardemos e … observemos

FONTE: Blog Infopetro

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