Ethanol summit 2011 Dias 6 e 7 junho

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22/09/2011
ALCOOLBRÁS - AGO/2011

Ethanol Summit 2011: crescer de forma sustentável

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Marcos Jank, presidente da Unica, abriu o Ethanol Summit 2011 que reuniu mais de 140 especialistas, empresários, pesquisadores e autoridades governamentais e 1.213 congressistas em quatro plenárias e 15 painéis de debate.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que não vai faltar investimento para o setor sucroenergético e que o desafio, no curto prazo, é aumentar a capacidade de produção e a oferta - o Banco investiu R$ 7,6 bilhões no ano passado nesse setor, grande parte na mecanização. Ele anunciou também o lançamento de dois programas: um de Comunicação e Marketing Institucional da cadeia produtiva sucroenergética; o segundo, um programa mundial de requalificação de trabalhadores da cana-de-açúcar.

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, reiterou a confiança de que o setor vai vencer cada desafio deixado pela crise de 2008, ratificando a ANP como órgão oficial para acompanhamento do setor em lugar do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e anunciando para breve o Plano Decenal. Haroldo Lima, diretor-geral da ANP afirmou que o trabalho da Agência junto às usinas resultará em aperfeiçoamento do sistema, afastando riscos de desabastecimento de etanol, e auxiliando para que não haja tanta volatilidade nos preços ao consumidor do produto, em especial na entressafra.

No painel "Políticas publicas para o desenvolvimento global dos biocombustíveis: desafios e oportunidades", Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, falou sobre sua percepção de que as grandes empresas que atuam nos segmentos de petróleo e comércio exterior apostam em um futuro onde os biocombustíveis serão mais que uma fonte de lucros; serão estratégicos para o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a produção global, como forma de garantir a segurança energética e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Para ele, será preciso explorar a capacidade de produzir e incentivar inovações. Para o gerente global da PointCarbon, Nelson Sam, e Sérgio Trindade, presidente da SE2T International, será necessário compreender como a estrutura vai funcionar e criar condições de produção e distribuição com políticas públicas se for necessário, para equilibrar o mercado. Chet Culver, ex-governador de Iowa / EUA, falou sobre o que acontece no seu estado. "Coordenamos políticas no Congresso para o setor, criamos uma agenda única de biocombustíveis para aumentar nossa produção e diminuir a dependência do petróleo; aumentamos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e aplicamos US$ 60 milhões em 40 projetos que nos geraram US$ 500 milhões em retorno".

O painel "Expansão e investimento no setor sucroenergético brasileiro" versou sobre se vale ou não a pena investir: regras claras e duradouras são decisivas. Participaram dessa plenária Tom Rudd, presidente do Conselho da Umoe Bioenergia; Mario Lindenhayn, presidente da BP Biocombustíveis Brasil; Cláudio Piquet Carneiro Pessoa dos Santos, diretor da Glencore Brasil; Ricardo Castello Branco, diretor de etanol da Petrobras Biocombustíveis; Vasco Dias, presidente da Raízen.

"2020 e além: O futuro do setor sucroenergético" teve Pai^el Expansão e Investimento no setor cinco executivos para traçar sucroenergético brasileiro cenários - juntos, eles representam 25% de toda a produção sucroenergética no Brasil: os presidentes da LDC-SEV, Bruno Melcher; Fábio Ven-turelli, do grupo São Martinho; José Carlos Grubisich, da ETH Bioenergia; Marcos Lutz, do grupo Cosan; Narendra Murkumbi, da Shree Renuka; Jacyr Costa Filho, da Guarani SA. Resultado: a diferença entre a oferta restrita e a demanda crescente de etanol passa necessariamente por um aumento de produção de cana-de-açúcar e uma melhoria da logística. Cresce a produção de cana longe dos centros de consumo: nos últimos 10 anos, a taxa anual de crescimento da moagem no Centro-Oeste se concentrou em Goiás"(-19%), Minas Gerais (18%), Mato Grosso do Sul (15%), São Paulo (9%) e Paraná (9%). Mas o consumo de etanol está concentrado na região Centro-Sul, o que leva a um aumento nos custos de distribuição. Bruno Melcher exemplificou que há dez anos os custos de transporte de açúcar de Ribeirão Preto até Santos eram de US$ 20,00/t e hoje estão em US$ 50,00/t, 5% do preço do açúcar. Para os executivos, é preciso combinar desenvolvimento e investimentos que passem pelos canaviais e ativos logísticos e, embora ainda haja gargalos, o Brasil tem avançado.

O debate sobre uma certificação comum para o açúcar e o etanol no mundo - Açúcar e Etanol Certificados, como produzir e a que custo -, destacou dois pontos: o cumprimento de critérios estabelecidos para a tarefa e a garantia de um mercado para produtos certificados.

"As pessoas julgam os biocombustíveis baseadas em critérios de “sim” ou “não”. Precisamos ampliar o debate para um patamar mais sofisticado, que leve em conta a forma como são produzidos," afirmou Olivier Mace, diretor global de estratégias e relações externas da BP Biofuels. Oliver Mace explicou que sua empresa trabalha pela definição de critérios, que são aceitos pela maioria dos países europeus, para facilitar a comercialização de biocombustíveis naquele continente.

Para Bart-Willem Tem Cate, diretor de biocombustíveis da North Sea Group - empresa que fornece combustíveis minerais e biocombustíveis a companhias de vários setores - "quando se trata de produzir combustíveis limpos e renováveis ainda há muito a fazer para o consumidor ter confiança de que são produtos preocupados com sustentabilidade".

Mas o processo precisa ser transparente ao longo de toda a cadeia de valor, mostrando que é possível fazer a otimização do uso da terra e ao mesmo tempo agregar valor ao produto. A transparência dos critérios é apontada como crucial por Kevin Ogorzalek, presidente da Bonsucro, entidade que conta com representantes de indústrias e ONGs para oferecer sistemas de certificação ao setor sucroenergético. "A Bonsucro representa a primeira iniciativa, que é um padrão internacional para a indústria de cana-de-açúcar," afirmou. "Assim, em vez de buscar vários padrões diferentes, o certificado da Bonsucro permite operar conforme as regras de diversos mercados," acrescentou.

A maioria dos membros do painel pontuou que certificação não é a única forma de promover transparência e sustentabilidade na produção. Outras iniciativas, como compromissos e relatórios de sustentabilidade com padrões internacionais como GRI {Global Report Iniciative) também possuem valor e importante papel no melhoramento contínuo da cadeia da cana-de-açúcar.

Já a distância entre a oferta e o consumo acelerado do etanol deve ser enfrentada com políticas públicas pontuais, sob o comando do Governo Federal, segundo consenso dos participantes do painel "Políticas públicas: garantindo o abastecimento e o crescimento" - moderado pelo diretor executivo da Única, Eduardo Leão de Sousa.

"A incerteza pela falta de uma definição de políticas de infraestrutura, logística, estoques e cogeração levou à redução de investimentos. Mas até ,2020 o mercado interno vai demandar mais 400 milhões de toneladas de cana para a produção de 60 milhões de m3 de etanol, saindo dos atuais 27 milhões de m3," apontou Isaias Macedo, pesquisador da Unicamp. Segundo ele a supervisão do setor, agora sob a gestão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, será um desafio já que se trata de uma atividade competitiva e não monopolizada, ao contrário do petróleo. O deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), integrante da Comissão de Minas e Energia, defendeu a criação de uma Secretaria Nacional de Biocombustíveis. A pasta teria como atribuições definir políticas públicas, entre elas o incentivo à Bioeletricidade e a garantia de compra para uma suposta energia excedente. Segundo Jardim, a Secretaria também teria papel fundamental nas políticas de formação de preços, destacando que nesse item existem grandes diferenças em relação ao petróleo e o etanol. "E como comparar mangas e laranjas," afirmou. O diretor da ANP Allan Kardec Barros Filho, informou que a Agência tem um prazo de até 26 de outubro para apresentar um novo relatório sobre a regulamentação do setor. "O compromisso da ANP é garantir a competitividade do setor sucroenergético", garantiu Allan Kardec.

Já Ricardo Dornelles, diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, destacou a necessidade de uma coordenação entre o setor público e privado para a retomada do crescimento. "Precisamos de um planejamento decenal, de equilíbrio entre demanda e produção, além de investimentos agora," destacou. Ele defendeu a necessidade de reduzir a demanda e ajustá-la à oferta, reduzindo a porcentagem de mistura do etanol anidro à gasolina, atualmente regulamentada em uma faixa de 18% a 25%. Outra proposta endossada pelo executivo é o financiamento de estoques pelo Governo Federal, a chamada warrantagem, e uma política tributária que incentive o setor.

Peter Druker foi lembrado pelo diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Costa, durante o Painel "O papel estratégico da infraestrutura" já que ele afirmava que logística é uma das últimas barreiras a vencer para a redução de custos e ampliação de ganhos. O comentário foi endossado pelo presidente da Transpetro, Sérgio Machado: "o problema do Brasil não é a oferta de etanol, mas sim a logística".

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, afirmou que para resolver esta questão o Governo Federal precisa apresentar, junto com os agentes do setor sucroenergético, regras para garantir o investimento na infraestrutura logística. Ele lembrou que os investimentos pararam desde a crise econômica mundial, em 2008, e uma possível retomada resolveria inclusive o problema de lucratividade. Para enfatizar seu raciocínio. Pires citou o ex-membro do Conselho de Administração da Vale, Eleazar de Carvalho Filho, que considerava que "o minério de ferro não valia nada, o valor da Vale é a logística da empresa".

Durante o painel, Paulo Roberto Costa, apresentou os investimentos de mais de R$ 6 bilhões no sistema Logum, um duto de 1.300 km de extensão, com capacidade de escoamento de 20,8 milhões de m3 de etanol, que vai se integrar com hidrovias e ferrovias para escoamento do etanol Centro-Oeste até o Porto de Santos.

Já Luiz Felipe da Silva Guimarães, da América Latina Logística, falou dos novos projetos da empresa, entre os quais a ampliação em 250 km de vias férreas pertencentes à empresa, partindo do Alto Araguaia até Rondonópolis/MT, voltados para o transporte do etanol.

O "Uso da terra, segurança alimentar e o futuro dos biocombustíveis" foi um painel concorrido, onde as discussões tinham como base a missão de alimentar oito bilhões de pessoas daqui a vinte anos, o que pede planejamento intenso hoje e a participação de todos os setores na busca de resultados satisfatórios para a população, empresas, governo e, principalmente, para a biodiversidade e controle do aquecimento global. O painel, que foi moderado por Weber Amaral, da Universidade Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), chegou a um consenso sobre os problemas já existentes e os que estão por vir com o aumento expressivo da população mundial.

Não acho que a terra seja um fator limitante, a água sim," afirmou André Nassar, diretor executivo do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais - ícone. Ele argumenta que com novas tecnologias o Brasil aumenta sua produção sem aumentar a área plantada. O sucesso do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, principalmente quando comparado ao de milho foi outro ponto discutido.

Martina Otto, diretora de políticas energéticas para transporte do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), reforçou a necessidade de se desenvolver uma política global para a transferência desse conhecimento e tecnologias, mas realçou a importância das adaptações locais. Para ela, há muitos pontos a serem considerados e não apenas o desenvolvimento da terra para o plantio, como questões políticas, humanitárias, climáticas, logísticas e comerciais.

O diretor mundial de cana-de-açúcar da Syngenta, Daniel Bacner, chamou a atenção de todos para o fato de que alto balanço energético e eficiência fazem da cana uma resposta natural para os biocombustíveis, mas lançou a questão "até quando?". Para ele, o modelo do sucesso está baseado em dois princípios simples: inovação constante e colaboração, já que todos têm o mesmo objetivo e desafio.

"A revolução da cana I: novos produtos" tratou sobre as novas matérias-primas produzidas a partir da cana-de-açúcar, que já são realidade: empresas movimentam investimentos significativos em produtos que vão substituir os derivados do petróleo. A demanda por matérias-primas hoje existentes representa um mercado de US$ 67 bilhões e isso mostra o potencial para as novas indústrias do setor, segundo John Melo, presidente da Amyris, que iniciou no Brasil a produção do farneseno, molécula que pode substituir polímeros em cosméticos, fragrâncias e embalagens plásticas.

E a eficiência no uso da terra tem papel fundamental neste cenário. "Nos últimos 50 anos, a produção de cana-de-açúcar na América Latina cresceu apenas três vezes. Em dez a quinze anos será necessário atingir pelo menos mais 15% de produtividade com o mesmo espaço plantado, para que não haja competição com a indústria de alimentos," afirma Antonio Guimarães, presidente da Syngenta, empresa que investe em biotecnologia e agroquímicos. "Temos que lembrar que é possível fazer testes de novos produtos em laboratório infinitas vezes, mas a produção agrícola tem apenas dois ciclos por ano, o que torna a pesquisa nesta área bem mais lenta," lembra Guimarães.
O aumento da produção de cana também é crítica para os que investem em bioeletricidade como a GE e VSE, que desenvolvem turbinas movidas a etanol.

O painel "Bioeletricidade: desafios para crescer" pontuou que a expansão da bioeletricidade a partir da biomassa da cana precisa avançar, mas enfrenta uma série de desafios. Estimular a eficiência das usinas, aumentar acesso a financiamentos, melhorar a gestão condicionada a fatores sazonais de produção, diminuir custos de conexão e dar competitividade tarifária foram soluções elencadas.

Vinod Khosla, presidente da Khosla Ventures, uma das maiores empresas do mundo que patrocina pesquisas em novas matrizes energéticas, afirmou no painel "O futuro de petróleo e o papel dos biocombustíveis" que a indústria de petróleo precisa investir mais em P&D para a produção de biocombustíveis. "Os investimentos da indústria do petróleo em novas tecnologias ainda é tímido. Nos projetos em parceria com a universidade os sucessos são das empresas e os fracassos sobram para os laboratórios de pesquisa," provocou Kholsa. Phil New, presidente da BP afirmou que entre 2020 e 2030 os biocombustíveis devem responder por 40% da oferta de energia no mundo, e as empresas de petróleo estão se preparando para suprir essa demanda. "A Shell investe anualmente US$ 1,5 bilhão em Pesquisa e Desenvolvimento, grande parte desse montante em biocombustíveis", completou Mark Gainsborough, vice-presidente de energias alternativas da Shell.

Empresas como a Shell e a Total destacaram a importância das parcerias - a Shell firmou uma Joint-venfure com o grupo Cosan formando a Raízen para oferta de etanol. A Total tem 22% da Amyris, empresa que iniciou no Brasil a produção %e moléculas que vão substituir polímeros com base no petróleo. Para Khosla, em pouco tempo não se falará mais de cana, mas de biomassa. “Já existe tecnologia para que o preço do biocombustível caia abaixo de US$ 0,50 até 2015," afirma.

O presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rossettó, disse que o Brasil deve ter uma liderança mais efetiva na coordenação de investimentos em combustíveis sustentáveis - entre 2009 e 2010 a Petrobras investiu R$ 400 milhões em biocombustíveis e tecnologias ambientais.

A mensagem que permeou o evento é a de que o futuro do setor no Brasil já está traçado, ainda que sejam necessários mais estímulos, investimento e políticas públicas.

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